by Mirian Gasparin – 23 de maio de 2019 – link Original http://ow.ly/plfz50uoIKT
O mercado de fusões e aquisições de empresas continua bastante aquecido, apesar da economia não demonstrar sinais de reação. O ano passado, o crescimento foi de 28%, segundo informações da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiros e de Capitais. E, para este ano, a expectativa é de um aumento superior a 15%.
Só nesta quarta-feira (22), dois grandes negócios foram confirmados. A
Natura Cosméticos anunciou a compra da Avon em uma operação de troca de
ações, o que permitirá que a Natura se torne a quarta maior empresa do
setor de beleza do mundo. Em 2017, a brasileira comprou a britânica The
Body Shop e, em 2013, a australiana Aesop. O mercado reagiu bem ao
negócio e ações da Natura subiram mais de 9% no pregão desta
quarta-feira (22) da Bovespa.
Com a compra da Avon, a holding da Natura passará a ter uma receita líquida anual acima de R$ 40 bilhões e mais de 6 milhões de revendedores, o que a tornará o maior canal de vendas de porta em porta do mundo.
Maior negociação da Duratex
Por sua vez, a Duratex confirmou a compra da Cecrisa por R$ 539
milhões, mais a dívida da Cecrisa de R$ 442 milhões. Essa foi a maior
negociação promovida pela Duratex, que é considerada uma das líderes no
mercado brasileiro de pisos laminados e uma das maiores produtoras de
painéis de madeira industrializada, louças e metais sanitários.
Também nesta quarta-feira (22) a Petrobras informou que seu conselho de administração aprovou o modelo de venda adicional de sua participação na BR Distribuidora, que será conduzida por meio de uma oferta pública secundária de ações, numa importante etapa de seu plano de desinvestimentos.
Eu conversei nesta quinta-feira (23) com o diretor da VBR Brasil Valuconcept, Wesley Figueira, e perguntei a ele o porquê dos negócios envolvendo a compra e venda de empresas continuarem aquecidos em meio a uma economia retraída, e ele me explicou que estes tipos de negócios não são feitos da noite para o dia e que já estavam em andamento já há algum tempo. Segundo ele, o número de operações envolvendo fusão e aquisição de empresas deve continuar crescendo devido aos juros baixos, inflação sob controle e possibilidade de equacionamento do perfil de endividamento do Brasil no prazo de 10 anos.
Figueira prevê uma segunda grande maré de fusões e aquisições de empresas brasileiras, tão logo seja aprovada a Reforma da Previdência. “Os investidores nunca pararam de examinar o mercado brasileiro. No momento, a economia está travada à espera da aprovação das reformas, mas as expectativas da classe empresarial em relação à sensatez do governo na condução da economia são boas. O que realmente está faltando é um empurrão da classe política”, explica.
Venda é salutar
O diretor da VBR Brasil Valuconcept me disse que a venda de empresas é salutar para o mercado desde que a transação seja sustentável e beneficie a sociedade como um todo, e que não seja feita com dinheiro público, principalmente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), a exemplo do que se viu no passado.
Wesley Figueira destaca que a união de grandes empresas resulta em economia devido às sinergias existentes, além do que com o aumento do poder de compra acaba-se financiando um consumo mais barato na ponta. No caso da Natura, a compra da Avon deverá proporcionar uma economia anual entre US$ 150 milhões e US$ 250 milhões.
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