As Normas e Regulamentações sobre o tema ESG aumentaram em 140% nos últimos dez anos. Esse arcabouço de informações permite que as empresas façam o “cherry picking”, ou seja, ocultem aspectos ruins de ESG e selecionem mostrar os aspectos que essas empresas fizeram de melhor com relação ao tema.

No último WEFWorld Economic Forum, as BIG 4 endossaram novas métricas para reporte de informações ESG, não para incluir mais normas além das cerca de 1700 existentes, mas para tornar o cumprimento dessas normas verificáveis e comparáveis, considerando como principais pilares:

GRI: Global Report Initiative: Avalia o impacto das organizações na sociedade e no planeta ao facilitar a comunicação dos impactos em questões como mudanças climáticas, direitos humanos e corrupção.

SASB: Sustainability Accounting Standard Board: Estabelecer padrões de divulgação ESG que facilitem a comunicação entre empresas e investidores.

TCFD: Task Force on Climate Relation Financial Disclosure: Avaliação de métricas organizacionais com foco em mudanças climáticas; e

CDP: Carbon Disclosure Project: Consiste na mensuração dos projetos organizacionais voltados para a redução de emissão de carbono.

Simplificar é necessário. As três maiores agências de classificação de risco de crédito – Moody’s, Standard & Poors e Fitch – tem uma correlação de 0.9 (o máximo é 1) em suas notas de crédito. Essa forte correlação é justificada pelo fato que, por mais que as metodologias possam ser diferentes, a análise é baseada em dados quantitativos como relatórios financeiros e contábeis.

Já as três maiores agências de classificação de risco de ESG RepRisk, MSCI ESG Research e Sustainalytics – têm uma correlação de 0.3 em seus resultados. A fraca correlação indica que não há convergência de opinião, justificada pela amplitude de normas, regulamentações e critérios ESG.

É intuitivo que quanto maior a convergência de critérios e taxonomias ESG, maior a convergência de opiniões entre os órgãos certificadores, sejam esses públicos ou privados, o que contribui para desmistificar se empresas de Tabaco, Petróleo e Gás ou Armamento Bélico podem ser consideradas ESG.

Haveria também maior confiança para a redução do Custo de Capital, que tem impacto direto no Valuation das empresas, bem como a viabilidade na emissão de títulos como Sustainability-linked bonds, títulos de dívida cujos juros estão sujeitos ao cumprimento de metas de sustentabilidade.

Por outro lado, o atraso na convergência de métricas contribui para o chamado “Greenwhashing” ou “Lavagem Verde” que consiste em “mascarar” os problemas relacionados a ESG no presente, permitindo que esses venham à tona em um futuro não muito distante.

Tiago G. Souza

Consultor Associado – VBR Brasil