Já se foi o tempo em que os colaboradores das empresas não se importavam em vestir uniformes ou roupas de baixa qualidade, desbotadas e até mesmo desconfortáveis com a logomarca da companhia onde trabalham. Hoje o uniforme é visto como um diferencial, pois mostra a preocupação da empresa com o bem estar de seus colaboradores. O uniforme é o cartão de visitas de uma empresa, além de facilitar a comunicação, é um diferencial responsável pela identificação dos colaboradores. Uma empresa que preza pela autoestima empresarial investe na sua imagem como um todo, desde o jardim, a qualidade do cafezinho, limpeza, organização e treinamento/qualificação de seus colaboradores e preocupação com a sociedade.

O psiquiatra e palestrante, Leonard Verea, vem estudando a autoestima empresarial há mais de dez anos. A autoestima empresarial pode ser observada através da presença do prazer do colaborador em ir trabalhar ou quando ele tem satisfação em desenvolver a sua atividade com criatividade e sensibilidade. É quando as pessoas vestem a camisa da empresa, independentemente do cargo. Ocorre também quando o funcionário aprende a trabalhar para si e não para os outros.

Antigamente, o uniforme servia apenas para padronização, era uma roupa para “bater”, era símbolo de algo feio, pesado e desconfortável. No auge da revolução industrial, Chaplin satirizou o uso e o trabalho dos operários, que pareciam ser a engrenagem das máquinas, sem cérebros e todos sujos de graxa.

A pressão por preço baixo fazia com que as empresas comprassem uniformes com tecidos de baixa qualidade, que desbotavam, que não tinham caimento, com bordados tortos, dentre outras aberrações, além de fornecer poucas unidades, o que acabava por deixar as vestimentas gastas de tanto uso, com manchas, amassadas, chegando a ser até humilhante o seu uso. Essa baixa autoestima empresarial, também representada pelos péssimos uniformes, normalmente vinha acompanhada de desânimo, de pessimismo, estagnação, desmotivação e de impotência em geral, sintomas que podem levar uma empresa ao fracasso.

Na Copa do Mundo pudemos ver a evolução dos uniformes dos jogadores, com peças bonitas, bem anatômicas, com tecidos de alta tecnologia, golas em V, caimento justo, detalhes com estampas e cores. Mais além de todos esses detalhes, algumas camisas tinham inscrições ou recados para os próprios jogadores. Por exemplo: no caso da seleção brasileira, do lado interno da camisa, na região do escudo tinha um desenho com a inscrição “Nascido para jogar futebol”. A camisa da seleção da Colômbia tinha na parte de trás da gola a frase “Unidos por un país”. A Croácia tinha a inscrição dentro da camisa ‘Budi ponosan’ a qual significa “Tenha orgulho”. Já a do México, na parte interna do colarinho, estava escrito o lema do País: “Somos Guerreiros”. Isso sem falar nas chuteiras de cores diferentes, luvas e outras novidades de penteados dos jogadores.

Para a Andrea Ribas, diretora e designer da Maison Rosé Uniformes Corporativos, o marketing e programação visual da empresa deve também estar contemplado no uniforme. Segundo ela, a consultoria de moda empresarial abrange o levantamento de informações junto a empresa, buscando entender a sua identidade corporativa, seus valores, público alvo e imagem que pretende passar ao mercado. Também são analisados entre outros itens, o manual da marca, cores autorizadas e logomarca para posteriormente dar iniciar à coleção de uniformes. Pelo design podem ser destacadas características como credibilidade, modernidade ou conservadorismo, inovação, confiabilidade, estabilidade, dinamismo, organização, dentre outras. As modelagens, tecidos e acabamento remetem não só a elegância, mas em conforto e praticidade de ter roupas fáceis de lavar, que não amassam. Todos esses detalhes acabam promovendo a valorização do colaborador, aumentando sua autoestima e motivação em relação à empresa.

Para os clientes e fornecedores de uma empresa uniformizada, essa atitude remete à confiança, profissionalismo, organização, responsabilidade e até mesmo higiene, em alguns casos. Ajuda a divulgar a imagem e a marca da empresa, além de ditar algumas regras, chamadas dress code, ou código de vestimenta.

Segundo Silmara Santos Adad, consultora especialista em Etiqueta e coordenadora do curso de Etiqueta Social e Corporativa do Centro Europeu, em Curitiba, entre os assuntos mais solicitados pelas empresas nos cursos e palestras para abordar com seus colaboradores estão vestuário e comportamento na internet. Tal preocupação se justifica pelo fato da imagem pessoal, profissional e institucional estarem completamente interligadas.

O colaborador, que recebe um uniforme bonito, confortável, com bom caimento, tem orgulho em trabalhar na empresa. O uso do uniforme acaba refletindo em outras mudanças como maior cuidado com o visual e asseio, incluindo unhas, barba e cabelo e necessidade de engraxar os sapatos. Já nas mulheres percebe-se que elas passam a se maquiar, dentre outras atitudes que vão ocorrendo em cadeia.

É como a estória “A menina do Vestido Azul”, de autor desconhecido, que ganhou um vestido azul do professor. A mãe passou a lhe dar banho todos os dias, pentear seus cabelos, cortar e limpar suas unhas para que pudesse usar o vestido azul. O pai resolveu pintar as paredes, consertar a cerca e plantar um jardim porque a linda menina com seu vestido azul não podia morar num lugar tão feio.   Houve um ciclo virtuoso, que chegou aos vizinhos, a todo o bairro e até na prefeitura.

As pessoas quando se sentem valorizadas, acabam tendo uma boa percepção de si mesmas e do ambiente em que se encontram e ficam mais vaidosas e críticas consigo mesmas e com os outros.

O psiquiatra Leonard Verea aponta um relacionamento estreito entre a autoestima e o desempenho das equipes, porque quando a pessoa não gosta de si e não se valoriza, como pode gostar, valorizar e apresentar o produto que está comercializando da melhor forma? Isso se torna impossível. O entusiasmo beneficia o sucesso e estabelece uma nova visão de vida e da empresa.

Ou seja, um ambiente de trabalho agradável, organizado e uniformizado aumenta a autoestima da empresa e dos colaboradores e contribui diretamente para o crescimento dos negócios.

E como diria o saudoso sambista Noel Rosa: “Com que roupa que eu vou, pro samba que você me convidou?”. Com a melhor, é claro, também quero meu vestido azul!