Novos competidores e novas maneiras de competir chegam diariamente aos mais diversos cantos do planeta. Para sobreviver a essa ‘selva’ de negócios, não basta a melhoria contínua dos processos, é preciso reinventá-los.

Existem hoje inúmeros casos de serviços tradicionais, que têm sido ofertados em formatos novos, mais modernos, mais adequados aos novos consumidores. Para o professor da Escola de Negócios da Universidade Positivo, Valmor Rossetto, nenhum negócio sobrevive sem inovação.“O mundo continua rodando 24 horas. A velocidade dos processos e da tecnologia aumentou. Se o empresário não estiver antenado com as exigências de mercado e os anseios dos seus clientes, seu negócio se inviabilizará”, alerta.

Esta também é a visão do professor de pósgraduação da FAE, Rafael Araújo Leal. Segundo ele, a empresa que não inovar está fadada a perder competitividade. “Pequenas empresas quando têm um serviço inovador conseguem colocar em risco muitas empresas gigantes.” Na avaliação de Rossetto, inovação não é tornar o produto ou serviço mais bonito, mas sim fazer com que seja uma solução para o cliente. Ele lembra que, na história do Paraná, todas as empresas que foram criadas de 50 anos para cá e que não inovaram, ou foram vendidas ou simplesmente não se sustentaram.

Ao reinventar formatos de serviços e negócios, os empresários devem seguir alguns passos. De acordo com a diretora da Consultoria ValuConcept, Emanuele Caroline de Oliveira, em primeiro lugar, o empresário deve encarar a inovação como um investimento, que tem custos, riscos, mas que deve gerar retorno financeiro. “O principal risco é a não aceitação e resistência do consumidor”,destaca. Outro passo é conhecer o que o cliente deseja e necessita. Segundo Emanuele, para tal, o empresário deve investir tempo no planejamento dessa reinvenção. A grande vantagem de ser uma empresa inovadora num determinado ramo ou produto, segundo a diretora da ValuConcept, é que ela acaba saindo do lugar comum entre os concorrentes porque segue novos caminhos e, com isso, pode cobrar diferente, pois está entregando algo novopara o consumidor.

A análise do ambiente externo para identificar oportunidades de negócios e o desenvolvimento de estratégias para criar um ambiente inovador também são passos fundamentais que devem ser tomados pelas empresas que desejam inovar, explica oprofessor Rafael Leal.

 

Preço

Na opinião do professor da Universidade Positivo, Valmor Rossetto, o preço do produto ou serviço pode ser um condicionante para a venda, mas a qualidade do atendimento é o que realmente fará a diferença. “O empresário deve estar consciente de que em seu negócio deve haver um equilíbrio entre preço, qualidade, atendimento e responsabilidade.”

Já para o professor da FAE, Rafael Leal, é essencial que a empresa apresente preços competitivos. “De nada adianta desenvolver um produto ou serviço inovador se ela não tiver competência para ter um preço competitivo”, afirma. “Hoje em dia, o valor dos produtos e serviços percebido pelo consumidor depende cada vez mais da quantidade de inovação, tecnologia e inteligência que foi incorporada.

Então, uma cultura inovadora nas empresas, onde os funcionários são estimulados a inovar, é fundamental. É importante deixar um canal aberto para que todos possam dar sua opinião sobre problemas e necessidades e busca de soluções para osclientes”, justifica Emanuele. Quanto à importância de se reinventar formatos nos negócios, a diretora da ValuConcept afirma que, ao criar novos formatos, as empresas estão respondendo às exigências dos consumidores e continuando vivas no mercado, seja adaptando e melhorando os seus produtos e serviços ou desenvolvendo novos processos de produção, de gestão ou de marketing. “Ao investir em inovação, a empresa está aplicando na sua competitividade, na sua lucratividade e na sua continuidade no mercado, ou seja, quem reinventar um novo conceito economicamente viável sairá vencedor.”

 

Canecas com sentimento

Quem é que não aprecia tomar um chá ou um café numa caneca? E se ela for personalizada,feita exclusivamente para você?

A empresária Carolina Farion de Carvalho enxergou numa simples caneca mais do que um recipiente para beber, e resolveu inovar. Ela utilizou a caneca como suporte para a expressão de sentimentos. “É um produto que pode ser útil numa declaraçãode amor.” Carolina é formada em Design. Começou suas atividades empresariais com a abertura de uma agência de comunicação especializada em design gráfico. Mas, logo em seguida, viu nas canecas um negócio inovador. “Percebi que a indústria que produz canecas o faz em larga escala. Comecei explorando o produto no varejo, mas usando o produto como suporte de sentimento. Iniciei o negócio com 12 modelos”, conta.

Em 2006, nasceu a Canecaria, uma marca curitibana que desenvolve e produz canecas exclusivas, além de outros produtos, bem como faz catálogos utilitários de mesa, em cerâmica e vidro. A marca tem uma linha de produtos que agrada a todas as idades e perfis.

Carolina começou com um sócio. Hoje tem 20 funcionários e ainda terceiriza alguns produtos. Ao todo, produz 200 modelos de canecas divididos por temas como amor, humor, amizade, família, profissões, esportes, entre muitas outros. Além disso, a Canecaria também trabalha com personalização. O empreendimento possibilita fazer uma única caneca para presentear alguém especial ou centenas de canecas para empresas, por exemplo.

As vendas iniciais da Canecaria foram por meio de uma loja virtual. Em 2009, foi aberto o primeiro quiosque no Shopping Estação, em Curitiba. Um ano depois, foi inaugurado o segundo quiosque, desta vez no Shopping Palladium. “Nossa meta agora é abrirmos pontos próprios e, para 2013, já estamos nos preparando para oferecer a franquia da nossa marca”, informa.

Segundo a empresária, para 2012, o objetivo é lançar um produto novo por semana. A Canecaria tem como fundamentos incentivar e dar suporte à criatividade de artistas locais e nacionais, bem como ocupar um espaço deixado pela indústria de cerâmica e vidro, no que diz respeito à variedade de modelos. “Quando começamos há seis anos, o nome Canecaria não existia nas pesquisas do Google. Hoje, as pessoas perguntam em qual Canecaria tal caneca foi comprada”, afirma Carolina, com grande orgulho.

 

Lava-carros até o cliente

Foi pensando no pouco tempo que as pessoas dispõem atualmente que nasceu em maio de 2011, em Curitiba, a empresa O Esquadrão do Carro.

De propriedade dos sócios Rodrigo Assis e José Angelo Simão, a empresa traz um conceito inovador em termos de limpeza de veículos e sem a necessidade de deslocamento do cliente. O projeto de criação do negócio saiu na faculdade, quando Rodrigo e José cursavam Administração de Empresas no Centro Universitário Curitiba (Unicuritiba). “Nossa preocupação inicial era ter todo o respaldo, pois somos nós que vamos até o cliente para executar o serviço. O primeiro passo foi a compra de uma van, na qual foram feitas as adaptações necessárias”, informa Rodrigo.

“Nossos primeiros serviços foram gratuitos para que pudéssemos apresentar o nosso trabalho e conquistássemos os clientes”, lembra. O Esquadrão do Carro oferece serviços de limpeza externa e interna, enceramento, cristalização de vidros, higienização interna (parcial e completa), hidratação de bancos de couro. O diferencial é que a equipe vai até o local onde o veículo está estacionado. Os horários são agendados por telefone ou pelo site da empresa, que aplica a tecnologia de limpeza a seco em seus serviços, com o objetivo de diminuir o desperdício de água.

A limpeza é feita com produtos regulamentados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que tem como objetivo proteger a saúde da população. Ainda como estratégias de mercado, O Esquadrão do Quadro realiza demonstrações dos seus serviços em condomínios residenciais, blitze em postos de combustíveis, fazem visitas a clubes de amigos e colecionadores de veículos antigos. “Através desse modelo de negócio, não vendemos apenas o nosso serviço, mas o tempo que o cliente ganha”, afirma o empresário.

Segundo Rodrigo de Assis, no começo das atividades, a empresa focou o negócio em grandes volumes. Com o passar dos meses, os sócios perceberam a necessidade de um serviço especial. Hoje por exemplo, 80% do faturamento são provenientes dos serviços especiais (espelhamento, hidratação de bancos de couro e higienização de interiores), que, por sua vez, correspondem a 50% do trabalho geral.

Atualmente, uma média de 200 carros são lavados mensalmente. “Pretendemos ampliar a parte de serviços especiais e termos um ponto fixo para atendimento, já que a van amarela serve como um outdoor ambulante”, conclui.

 

Panfletagem diferente 

Um novo tempo exige uma nova forma de se comunicar com os consumidores. A empresa Fórmula Midia do Brasil, que nasceu em Curitiba, em 2008, trouxe uma nova ideia para esta    comunicação: a distribuição de material publicitário e sampling (amostragem) no interior de veículos.

Este novo canal traz vantagens significativas para campanhas onde a personalização é a palavra- chave. “Cada vez mais, em vez da dispersão, as mensagens devem ser direcionadas para o público-alvo e esta comunicação é o alvo da Fórmula Midia”, afirma o empresário Alexandre Moura.

A empresa curitibana trouxe o conceito inovador de mídia OOH e hoje é a única especializada em veiculação de campanhas em estacionamentos e valets. Há quatro anos, começou com 20 estacionamentos e duas campanhas-piloto. Atualmente, conta com 1.200 estacionamentos e valets conveniados em nove estados do Brasil e está ampliando a atuação para outras cidades.

Para que as pessoas não se sintam incomodadas por encontrar algo dentro dos seus automóveis, a Fórmula Midia tem muito cuidado com o tipo de informação veiculada. Por isso não faz publicidade de bebidas alcoolicas, religião ou futebol. Já o índice de rejeição é muito baixo, pois o cliente sempre terá algum tipo de benefício. “A inovação tem que fazer parte do processo produtivo. O consumidor está cada vez mais exigente e quem não inovar fica para trás”, alerta Moura.

Ainda com o propósito de inovar, a empresa criou uma revista de bolso com cupons de descontos, que é colocada em locais apropriados, tais como retrovisores de automóveis, puxadores de portas, grades de portão, entre outros, ampliando a divulgação de diversos serviços e produtos. Segundo Moura, as publicidades promocionais, realizadas por meio de mídia impressa, apresentam algumas vantagens frente às demais formas, pois não necessitam de equipamento específico para sua exposição, diferentemente do rádio, tevê e equipamentos eletrônicos.

Ou seja, a impressão em papel ou equivalente tem fácil acesso ao consumidor, adapta-se ao ritmo de leitura do consumidor, permite releitura ou leitura seletiva, não possui um horário específico de distribuição, apresenta custo unitário reduzido quando comparada a outras mídias, entre outras vantagens.

Já o maior inconveniente das mídias impressas – folhetos, folders, catálogos, jornal ou cupons – é que a distribuição do material é realizada de forma aleatória, de mão em mão, ou distribuída através de encartes em revistas e jornais. Isso leva à dispersão da mídia por meio do descarte, e, consequentemente, gerando lixo, ainda que reciclável.

No caso da Revista Coupons, explica Moura, a distribuição é realizada em estacionamentos, sendo colocada no interior dos veículos estacionados podendo ser segmentada, de acordo com o público-alvo e região da cidade. “Essa segmentação permite a veiculação de várias revistas em uma única cidade”, informa.

 

Fonte: Revista Soluções, 13ª Edição